segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Inicial

Troquemos somente uma letra
Mudemos nosso destino
Mudando aquilo que nos chama
Vamos nos unir trocando as letras
Os fonemas estarão criando novos sabores
Aquilo que nós nunca poderíamos imaginar
Nossos nomes são tão próximos
Por que não nossos lábios?

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

algo

é ainda muito sozinha que me encontro
trocando olhares comigo mesma no espelho
fugindo a companhia que se não me perturba
tampouco me apazígua

essa história toda de crescer não é natural
natural somente querer abrigo
natural somente não ter medo de carinho

sozinha estou nesta noite qualquer
vivendo por metas, driblando angústias
sempre esperando o dia de amanhã,
nem sempre o seguinte.

domingo, 23 de outubro de 2011

banho

a água que cai no corpo da mulher
tem desejos e não somente uma serventia
a água quer trocar as belezas
a água quer ser sempre pura trocando impurezas
e do conflito, retirar a beleza

a mulher não quer somente que a água a lave
para estar usualmente decente ao mundo exterior
a mulher deseja estar em sintonia
com os desejos da água, de sua natureza

o corpo da mulher também se esvai
e a água também se renova.

sábado, 15 de outubro de 2011

Venho daqui:

"Em passos rápidos dizia para os espelhos das vitrines
Alô Marina Vladi, imitando aquele jeito do cabelo
Alto-falantes das lojas me arrepiam
Por pouco não me sinto enamorada
Aí, soprando um café de máquina
Com a voz do Rei na barriga
Jobim no coração
Espelho caixa de contatos
Assobio no elevador
Uma canção me consola
Enquanto mamãe faz tricô
Penélope distraída
Preciso sair de casa..."

http://letras.terra.com.br/fernanda-porto/70276/

Traquinagem

Pelo direito de ser idiota!
Em toda e qualquer brecha de seriedade
eu quero causar qualquer sorriso

É preciso agora conquistar a independência
para estar sempre em juventude
realizar as pequenas felizes traquinagens

Vivemos sempre querendo se livrar
do que nós mesmos construímos.
Isso faz sentido?

Chances

Como entrar na própria mente?
dela da qual nunca saio
e mal consigo nela discernir meus desejos ou
necessidades.

Não me culpe pelas palavras mal ditas
Pelas imagens mal arranjadas
Não queria estragar assim meu amor

Entenda que estou aprendendo você
Olhe aqui e veja se estou mentindo
Minha mente me prega peças o tempo inteiro

As vezes minha vontade não corresponde aos meus atos
E nesse desespero eu penso que existe algo aqui dentro
A que posso recorrer, algo misterioso

Preciso recorre ao metafísico para continuar te amando
Até que a experiência me leve perto de Deus.





OBS: o amor pode ser metáfora para tudo.

domingo, 11 de setembro de 2011

em paz

Aqui está você com tua tábua de Moisés
Palavras escritas em pedras eternas
Pedras essas que tempo algum irá
causar a tão terrível erosão

Pequeno, pequeno teimoso
guarde as tuas leis, para a tua humilde vida
ouça com cuidado os ensinamentos dos que para ti pecam
ouça com alegria a experiência do mundo

e eu guardarei meus erros
para minha própria felicidade.



- e no final ouçam "a parte que me cabe" da Marina Lima e tenta lá incrementar o espírito do poema.

domingo, 4 de setembro de 2011

virtude


é fácil perceber
que da morte não se fala
estamos mais preocupados
em rir de nossos defeitos
ou nos vangloriarmos
ironicamente
das pequenas vitórias da vida.
Idolatramos a dúvida
E se a morte é única certeza da vida
Então que gozemos na cara desta infeliz
Nos preocupamos somente em viver
Se bem ou mal, não faz diferença
Não tememos a morte
Ainda bem.

sábado, 3 de setembro de 2011

moleque

há homens que não crescem nunca
possuem o mesmo olhar de menino
apesar da inocência não ser aquela
que fazia do menino um grande homem.

a mesma ignorância
a arrogância de um machismo pueril
ainda que potente naquela força física
que agora o homem, ainda assim criança
hoje possui.

os homens,
os masculinos
são os maiores criadores de ilusões.


porções de ilusão

se não posso mudar minha vida real
mudo ao menos a foto no facebook
que vida mais devagar!
dinheiro é velocidade?
desejo é combustível?
calma é necessidade?
mudo a foto
mas porque querer mudar os sonhos?
pouco a pouco esse medo vira poesia


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

parábola da contemporaneidade

quando pequena
qualquer som me agradava
jazz, rock, mpb, pagode
tudo era vida

adolescente, porém
ou era ouvir rock
somente
qualquer outro gênero
seria a maior heresia

hoje
no limite da consciência
ouço rock, punk, jazz, samba
e gosto
de meninos e
meninas.

domingo, 21 de agosto de 2011

poema não é religião

quem procura
o certo ou errado
na arte
no poema
pouco sabe
pouco vive
que história é essa
de controlar os sentimentos
os poemas mesmo que lapidados
são sentimentos codificados
não é certo ou errado
há mudança.

Viver sem tempos mortos






A arte pode ser tão singela e ao mesmo tempo tão potente, arrebatadora e comunicativa. É impossível que em arte se trilhe um caminho ideal para o “sucesso”. Tudo está ainda a ser explorado.
Não sei se essa é uma reflexão de uma guria que pouco sabe sobre o mundo da arte, mais especificamente o teatro. Entretanto, a peça “Viver sem Tempos Mortos” é a perfeição nos quesitos simplicidade e sensibilidade.
Palco, cadeira, luz e atriz. Todos ali presentes sabiam que lá, de blusa branca e calça preta é nada mais nada menos que Fernanda Montenegro, consagrada atriz brasileira nos três principais meios de comunicação/arte: cinema, televisão e teatro. Porém, ela entra no palco despida de qualquer sensacionalismo-celebridade.
É incrível como ela consegue ser outra pessoa. Como seu trabalho de voz e expressões mínimas podem transformá-la uma espécie de Simone de Beauvoir, atemporal que fala de lembranças e ela própria, encenada no Teatro Dulcina, parece ser uma memória.
O texto é belíssimo. Uma concha de retalhos extraída dos escritos desta escritora e filósofa francesa. Um relato de vida que transparece por si só algumas reflexões do trabalho intelectual de Simone e de todas as pessoas que a cercaram – sim, Sarte, Camus e outros. É tudo tão simples. É uma mulher, uma aparição que existe por si mesma. Uma reflexão sobre uma vida sem qualquer vestígio de propaganda-autoajuda.
Poucas vezes eu me senti tão emocionada na vida e tão feliz. Sempre foi meu sonho assistir Fernanda Montenegro no teatro. Estar e não estar no espaço em que ela habita.
Depois de ter visto Bibi Ferreira (duas vezes, wow!) e Sérgio Britto (meu grande amigo e professor, embora ele não saiba disso) tudo que me faltava era Fernanda.


novela das oito

quem já esqueceu um grande amor
(deixou de querer ainda amando)
pode enfrentar qualquer coisa na vida.

quem só precisa saber
se o outro está vivo ou não
não há de sofrer por mais ninguém
que vá ou deixe de partir

não é ser herói
nem mártir
perder um amor é igual
a perder um ônibus
a fazer vergonha na rua
é preciso recuperar-se internamente
só que raramente
há uma segunda chance

quem deixa passar um grande amor
na verdade
é um grande idiota

quem precisa somente esquecer
é um ser humano perdido
com vontade de viver.

sábado, 20 de agosto de 2011

no absurdo

este frio
a chuva
seus sons
nesse silêncio, sonolento
produz uma sensação estranha
de plenitude

talvez, por eu ser atípica
como o frio em país tropical
mesmo que eu pense em você
na falta que você faz
ou na falta que eu te faço
eu ainda me sinto rainha
presa nesse frio
minha mente ainda trabalha
meu mundo se expande

e meu corpo sente
sente por sentir
simplesmente

nessa chuva, nesse silêncio
o mundo parece que reflete
este outro que só eu conheço.







confissão: às vezes, me acho ridícula por fazer tantas referências às músicas da Marina Lima.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

tatuagem

teus beijos são os únicos
que permanecem nos meus lábios
qualquer outro
parece o mesmo
sem vestígio
sem eternidade.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Empório

na cerveja a liberdade
no olhar a curiosidade
na palavra
a vontade
se o hotel Marina não ilumina nosso amor
tanto faz, pois
este sol
ilumina todos os amantes do mundo
todos os amores principiantes
nos beijamos nessa expectativa
e nos despedimos certos
de que é também amor
aquele que é breve

não ainda

não sei se você
é um ruído 
ou é o tom que faltava
nessa minha felicidade.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

verão no aquário



Sem intenção, acabei lendo na ordem cronológica: primeiro, Ciranda de Pedra (1954) e agora Verão no Aquário (1963). Respectivamente, o primeiro e segundo romance de Lygia Fagundes Telles. Acabo de notar - e só vale para os místicos - que os livros dela aparecem em momentos cruciais em minha vida. Ciranda me pôs de cabeça para baixo, coma quela intensidade e interações entre tantos personagens e tempos diferentes. Deparo-me agora com este Verão no Aquário, que a princípio não consegui ler. Mas é claro que o problemas estava comigo: jamais poderia um livro de Lygia ser ruim. Só não era o meu momento.
Eis então que termino de ler Verão no Aquário, romance sobre as desventuras da jovem Raíza. Ao contrário do título, esta estação do ano não é recheada de prazeres e alegrias. Contudo, é repleta de intensas emoções e experiências.
A primeira coisa que chama atenção nesse livro é total imersão no mundo de Raíza e descrição do exterior pela sua mente. É uma construção complexa, principalmente, porque a personagem principal e narradora é um poço de dualidades: deseja a liberdade, mas sempre se poda por medo, ou raiva, ou falta de fé, ou saudade. Ela está presa num mundo interior - externado nas figuras da mãe ou na própria cada em que vive ou daquela - a da infância - que será vendida em virtude de dificuldades financeiras.
Raíza está sempre no limbo. A crítica social que permeia o livro - mais acentuada em Ciranda - é primordial para a construção do mundo dos personagens. A protagonista não é pobre, está empobrecida, mas permite gozar de pequenas regalias de classe média criando um mundo ao mesmo tempo imaginário mas extremamente factível entre aqueles personagens que querem perguntas para os sofrimentos, angústia e culpa.
André, amigo ou amante de sua mãe, Patrícia é um dos personagens que mesmo sendo da mesma idade vive uma realidade oposta. A da morte. Rapaz com instinto suicida desafia a filha de sua amiga e protetora pela sua existência efêmera, tanto pela proximidade da morte quanto pela vontade de se santificar e purificar.
O tempo todo é Raíza tentando desafiar o mundo. E sempre sofrendo a frustação de crescer e ver o mundo mudar sem obter reposta alguma.

alegria


morder um biscoito
às 19h horas da noite
em Botafogo
num banquinho de calçada
na frente do cinema
falando sobre problemas
e os amores que
podem acontecer novamente
num cinema de calçada em Botafogo. 

escrito em 16 de fevereiro de 2011.

brincar

os adultos deixam de brincar
desistem de correr, pular
usam tal expressão pura
para cansar os outros
entre sofrimentos
palavras tolas
tão sem sentido
quanto a bola que voa pelo ar

brincar agora é fingir.


domingo, 14 de agosto de 2011

sem título

não dou nomes para o que já sei
sou esquiva nas perguntas onde já sei a resposta
faço-me de desentendida quando quero
ver se o mundo consegue ser mais além de mim

quando quero desafiar o mundo ele para
quando quero ser ninguém
quieta, quem sabe só assim soberana
o mundo quer eu bata
enquanto eu só quero um carinho

eu faço charme
tal qual Marina
em seus versos 
o mistério do mundo
é o meu próprio.