quando pequena
qualquer som me agradava
jazz, rock, mpb, pagode
tudo era vida
adolescente, porém
ou era ouvir rock
somente
qualquer outro gênero
seria a maior heresia
hoje
no limite da consciência
ouço rock, punk, jazz, samba
e gosto
de meninos e
meninas.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
domingo, 21 de agosto de 2011
poema não é religião
quem procura
o certo ou errado
na arte
no poema
pouco sabe
pouco vive
que história é essa
de controlar os sentimentos
os poemas mesmo que lapidados
são sentimentos codificados
não é certo ou errado
há mudança.
o certo ou errado
na arte
no poema
pouco sabe
pouco vive
que história é essa
de controlar os sentimentos
os poemas mesmo que lapidados
são sentimentos codificados
não é certo ou errado
há mudança.
Viver sem tempos mortos
A arte pode ser tão singela e ao mesmo tempo tão potente, arrebatadora e comunicativa. É impossível que em arte se trilhe um caminho ideal para o “sucesso”. Tudo está ainda a ser explorado.
Não sei se essa é uma reflexão de uma guria que pouco sabe sobre o mundo da arte, mais especificamente o teatro. Entretanto, a peça “Viver sem Tempos Mortos” é a perfeição nos quesitos simplicidade e sensibilidade.
Palco, cadeira, luz e atriz. Todos ali presentes sabiam que lá, de blusa branca e calça preta é nada mais nada menos que Fernanda Montenegro, consagrada atriz brasileira nos três principais meios de comunicação/arte: cinema, televisão e teatro. Porém, ela entra no palco despida de qualquer sensacionalismo-celebridade.
É incrível como ela consegue ser outra pessoa. Como seu trabalho de voz e expressões mínimas podem transformá-la uma espécie de Simone de Beauvoir, atemporal que fala de lembranças e ela própria, encenada no Teatro Dulcina, parece ser uma memória.
O texto é belíssimo. Uma concha de retalhos extraída dos escritos desta escritora e filósofa francesa. Um relato de vida que transparece por si só algumas reflexões do trabalho intelectual de Simone e de todas as pessoas que a cercaram – sim, Sarte, Camus e outros. É tudo tão simples. É uma mulher, uma aparição que existe por si mesma. Uma reflexão sobre uma vida sem qualquer vestígio de propaganda-autoajuda.
Poucas vezes eu me senti tão emocionada na vida e tão feliz. Sempre foi meu sonho assistir Fernanda Montenegro no teatro. Estar e não estar no espaço em que ela habita.
Depois de ter visto Bibi Ferreira (duas vezes, wow!) e Sérgio Britto (meu grande amigo e professor, embora ele não saiba disso) tudo que me faltava era Fernanda.
novela das oito
quem já esqueceu um grande amor
(deixou de querer ainda amando)
pode enfrentar qualquer coisa na vida.
quem só precisa saber
se o outro está vivo ou não
não há de sofrer por mais ninguém
que vá ou deixe de partir
não é ser herói
nem mártir
perder um amor é igual
a perder um ônibus
a fazer vergonha na rua
é preciso recuperar-se internamente
só que raramente
há uma segunda chance
quem deixa passar um grande amor
na verdade
é um grande idiota
quem precisa somente esquecer
é um ser humano perdido
com vontade de viver.
(deixou de querer ainda amando)
pode enfrentar qualquer coisa na vida.
quem só precisa saber
se o outro está vivo ou não
não há de sofrer por mais ninguém
que vá ou deixe de partir
não é ser herói
nem mártir
perder um amor é igual
a perder um ônibus
a fazer vergonha na rua
é preciso recuperar-se internamente
só que raramente
há uma segunda chance
quem deixa passar um grande amor
na verdade
é um grande idiota
quem precisa somente esquecer
é um ser humano perdido
com vontade de viver.
sábado, 20 de agosto de 2011
no absurdo
este frio
a chuva
seus sons
nesse silêncio, sonolento
produz uma sensação estranha
de plenitude
talvez, por eu ser atípica
como o frio em país tropical
mesmo que eu pense em você
na falta que você faz
ou na falta que eu te faço
eu ainda me sinto rainha
presa nesse frio
minha mente ainda trabalha
meu mundo se expande
e meu corpo sente
sente por sentir
simplesmente
nessa chuva, nesse silêncio
o mundo parece que reflete
este outro que só eu conheço.
confissão: às vezes, me acho ridícula por fazer tantas referências às músicas da Marina Lima.
a chuva
seus sons
nesse silêncio, sonolento
produz uma sensação estranha
de plenitude
talvez, por eu ser atípica
como o frio em país tropical
mesmo que eu pense em você
na falta que você faz
ou na falta que eu te faço
eu ainda me sinto rainha
presa nesse frio
minha mente ainda trabalha
meu mundo se expande
e meu corpo sente
sente por sentir
simplesmente
nessa chuva, nesse silêncio
o mundo parece que reflete
este outro que só eu conheço.
confissão: às vezes, me acho ridícula por fazer tantas referências às músicas da Marina Lima.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
tatuagem
teus beijos são os únicos
que permanecem nos meus lábios
qualquer outro
parece o mesmo
sem vestígio
sem eternidade.
que permanecem nos meus lábios
qualquer outro
parece o mesmo
sem vestígio
sem eternidade.
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Empório
na cerveja a liberdade
no olhar a curiosidade
na palavra
a vontade
se o hotel Marina não ilumina nosso amor
tanto faz, pois
este sol
ilumina todos os amantes do mundo
todos os amores principiantes
nos beijamos nessa expectativa
e nos despedimos certos
de que é também amor
aquele que é breve
no olhar a curiosidade
na palavra
a vontade
se o hotel Marina não ilumina nosso amor
tanto faz, pois
este sol
ilumina todos os amantes do mundo
todos os amores principiantes
nos beijamos nessa expectativa
e nos despedimos certos
de que é também amor
aquele que é breve
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
verão no aquário
Sem intenção, acabei lendo na ordem cronológica: primeiro, Ciranda de Pedra (1954) e agora Verão no Aquário (1963). Respectivamente, o primeiro e segundo romance de Lygia Fagundes Telles. Acabo de notar - e só vale para os místicos - que os livros dela aparecem em momentos cruciais em minha vida. Ciranda me pôs de cabeça para baixo, coma quela intensidade e interações entre tantos personagens e tempos diferentes. Deparo-me agora com este Verão no Aquário, que a princípio não consegui ler. Mas é claro que o problemas estava comigo: jamais poderia um livro de Lygia ser ruim. Só não era o meu momento.
Eis então que termino de ler Verão no Aquário, romance sobre as desventuras da jovem Raíza. Ao contrário do título, esta estação do ano não é recheada de prazeres e alegrias. Contudo, é repleta de intensas emoções e experiências.
A primeira coisa que chama atenção nesse livro é total imersão no mundo de Raíza e descrição do exterior pela sua mente. É uma construção complexa, principalmente, porque a personagem principal e narradora é um poço de dualidades: deseja a liberdade, mas sempre se poda por medo, ou raiva, ou falta de fé, ou saudade. Ela está presa num mundo interior - externado nas figuras da mãe ou na própria cada em que vive ou daquela - a da infância - que será vendida em virtude de dificuldades financeiras.
Raíza está sempre no limbo. A crítica social que permeia o livro - mais acentuada em Ciranda - é primordial para a construção do mundo dos personagens. A protagonista não é pobre, está empobrecida, mas permite gozar de pequenas regalias de classe média criando um mundo ao mesmo tempo imaginário mas extremamente factível entre aqueles personagens que querem perguntas para os sofrimentos, angústia e culpa.
André, amigo ou amante de sua mãe, Patrícia é um dos personagens que mesmo sendo da mesma idade vive uma realidade oposta. A da morte. Rapaz com instinto suicida desafia a filha de sua amiga e protetora pela sua existência efêmera, tanto pela proximidade da morte quanto pela vontade de se santificar e purificar.
O tempo todo é Raíza tentando desafiar o mundo. E sempre sofrendo a frustação de crescer e ver o mundo mudar sem obter reposta alguma.
alegria
morder um biscoito
às 19h horas da noite
em Botafogo
num banquinho de calçada
na frente do cinema
falando sobre problemas
e os amores que
podem acontecer novamente
num cinema de calçada em Botafogo.
às 19h horas da noite
em Botafogo
num banquinho de calçada
na frente do cinema
falando sobre problemas
e os amores que
podem acontecer novamente
num cinema de calçada em Botafogo.
escrito em 16 de fevereiro de 2011.
brincar
os adultos deixam de brincar
desistem de correr, pular
usam tal expressão pura
para cansar os outros
entre sofrimentos
palavras tolas
tão sem sentido
quanto a bola que voa pelo ar
brincar agora é fingir.
domingo, 14 de agosto de 2011
sem título
não dou nomes para o que já sei
sou esquiva nas perguntas onde já sei a resposta
faço-me de desentendida quando quero
ver se o mundo consegue ser mais além de mim
quando quero desafiar o mundo ele para
quando quero ser ninguém
quieta, quem sabe só assim soberana
o mundo quer eu bata
enquanto eu só quero um carinho
eu faço charme
tal qual Marina
em seus versos
o mistério do mundo
é o meu próprio.
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