domingo, 21 de agosto de 2011

Viver sem tempos mortos






A arte pode ser tão singela e ao mesmo tempo tão potente, arrebatadora e comunicativa. É impossível que em arte se trilhe um caminho ideal para o “sucesso”. Tudo está ainda a ser explorado.
Não sei se essa é uma reflexão de uma guria que pouco sabe sobre o mundo da arte, mais especificamente o teatro. Entretanto, a peça “Viver sem Tempos Mortos” é a perfeição nos quesitos simplicidade e sensibilidade.
Palco, cadeira, luz e atriz. Todos ali presentes sabiam que lá, de blusa branca e calça preta é nada mais nada menos que Fernanda Montenegro, consagrada atriz brasileira nos três principais meios de comunicação/arte: cinema, televisão e teatro. Porém, ela entra no palco despida de qualquer sensacionalismo-celebridade.
É incrível como ela consegue ser outra pessoa. Como seu trabalho de voz e expressões mínimas podem transformá-la uma espécie de Simone de Beauvoir, atemporal que fala de lembranças e ela própria, encenada no Teatro Dulcina, parece ser uma memória.
O texto é belíssimo. Uma concha de retalhos extraída dos escritos desta escritora e filósofa francesa. Um relato de vida que transparece por si só algumas reflexões do trabalho intelectual de Simone e de todas as pessoas que a cercaram – sim, Sarte, Camus e outros. É tudo tão simples. É uma mulher, uma aparição que existe por si mesma. Uma reflexão sobre uma vida sem qualquer vestígio de propaganda-autoajuda.
Poucas vezes eu me senti tão emocionada na vida e tão feliz. Sempre foi meu sonho assistir Fernanda Montenegro no teatro. Estar e não estar no espaço em que ela habita.
Depois de ter visto Bibi Ferreira (duas vezes, wow!) e Sérgio Britto (meu grande amigo e professor, embora ele não saiba disso) tudo que me faltava era Fernanda.


Nenhum comentário:

Postar um comentário